<![CDATA[Notícias]]> https://sindicatoprofessores.pt Mon, 26 May 2025 05:00:46 +0100 Mon, 26 May 2025 05:00:46 +0100 (informacoes@spzn.pt) informacoes@spzn.pt Goweb_Rss http://blogs.law.harvard.edu/tech/rss <![CDATA[Conferência de Organização SPZN 2025 reuniu 150 participantes para “Re’pensar a Profissão Docente”]]> https://sindicatoprofessores.pt/pt/noticias/detail/id/4275 https://sindicatoprofessores.pt/pt/noticias/detail/id/4275 O Sindicato dos Professores da Zona Norte (SPZN) promoveu, nos dias 23 e 24 de maio de 2025, a sua Conferência de Organização, sob o mote “‘Re’pensar a Profissão Docente e o nosso Papel na Era da Complexidade e da Artificialidade”. O evento decorreu no Auditório da AEP, em Matosinhos, e reuniu cerca de 150 docentes, investigadores, especialistas em educação e dirigentes sindicais, num momento marcante de reflexão, debate e construção coletiva.

Num tempo de rápidas transformações sociais, tecnológicas e educativas, o SPZN desafiou a classe docente e os dirigentes sindicais a olhar criticamente para os novos contextos e a (re)afirmar o seu papel na construção de uma educação de qualidade.

O programa da conferência foi diversificado, com sessões plenárias, mesas-redondas e painéis temáticos que abordaram as grandes questões da atualidade educativa, o futuro da profissão docente e o papel do sindicalismo na defesa dos direitos dos professores.


23 de maio: Abertura com emoção, história e reflexão

Os trabalhos iniciaram-se com um momento musical, em que foi apresentada a canção “Norte da Esperança”, interpretada por Pedro Barreiros e produzida por Rodolfo Cardoso, criada especialmente para o evento. Seguiu-se a abertura oficial, com intervenções de Pedro Barreiros, Presidente da Direção do SPZN, e de João Dias da Silva, Presidente do Conselho Geral.

   

Um dos momentos simbólicos do dia foi a apresentação do livro “50 Anos, 50 Histórias”, pela professora Maria Arminda Bragança e pelo autor Nélson Soares, um registo precioso da história e da memória do SPZN.

   

A tarde encerrou com a intervenção de Domingos Fernandes, Presidente do Conselho Nacional de Educação, que partilhou uma análise aprofundada sobre os desafios da profissão docente na era da complexidade e da artificialidade, sublinhando a necessidade de novas formas de pensar e agir no campo educativo.


24 de maio: Debate interno, crítica social e renovação do compromisso sindical


O segundo dia começou com intervenções de dirigentes e delegados sindicais, num balanço das conquistas e da ação contínua do SPZN em defesa da educação e dos professores. Um dos momentos centrais foi o debate sobre propostas de alteração aos Estatutos do SPZN, refletindo um verdadeiro exercício democrático e coletivo de análise sobre o futuro do sindicato.

     

O dia contou ainda com intervenções de destaque. Carlos Silva, ex-Secretário-Geral da UGT e membro do Comité Económico e Social Europeu, alertou para a necessidade urgente de lutar pelo reconhecimento social da profissão docente, afirmando que “há muito deixou de ser vista como incontestável, exigindo agora renovada afirmação”.

        

Já a eurodeputada e Vice-Presidente do Grupo do Partido Popular Europeu, Lídia Pereira, trouxe uma perspetiva europeia, sublinhando a importância da mobilização docente e do diálogo sindical. Lançou ainda interrogações desafiantes sobre o papel atual dos sindicatos e o propósito do sindicalismo no século XXI, promovendo um momento de reflexão profunda entre os presentes.



A conferência encerrou com a intervenção de Pedro Barreiros, Secretário-Geral da FNE, que reiterou a importância do papel e da intervenção do SPZN na dignificação da profissão docente, na construção coletiva de soluções no seio da Federação Nacional da Educação – FNE, e na defesa de uma Educação e Escola de qualidade.



SPZN reafirma compromisso com os Professores e com a Educação

Conferência de Organização SPZN 2025 foi mais do que um encontro: foi uma afirmação do valor da profissão docente, da força do sindicalismo e da urgência de repensar o papel dos professores num mundo em permanente transformação. O SPZN agradece a todos os participantes que contribuíram para este momento inspirador e reforça a sua missão de continuar a lutar por uma escola inclusiva, democrática e transformadora.




GALERIA DE FOTOS:
https://flic.kr/s/aHBqjCfpkx


DISCURSO DE ABERTURA: https://spzn.pt/pt/noticias/go/destaques-abertura-da-confer-ncia-de-organiza-o-spzn-2025


PROGRAMA: https://spzn.pt/uploads/documentos/documento_1747672354_4030.pdf

 
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Sun, 25 May 2025 00:00:00 +0100
<![CDATA[Abertura da Conferência de Organização SPZN 2025]]> https://sindicatoprofessores.pt/pt/noticias/detail/id/4276 https://sindicatoprofessores.pt/pt/noticias/detail/id/4276 Caros colegas, dirigentes, delegados sindicais e convidados,

 

É com enorme satisfação, que damos início a esta Conferência de Organização.

Começo por contextualizar o motivo da realização deste encontro, neste formato de Conferência, uma vez que a ideia inicial, conforme propusemos no nosso plano de ação "Somos Futuro", era a realização de um Congresso do SPZN a meio do mandato 2022-2026. No entanto, a conjuntura político-sindical não o permitiu, devido aos intensos processos negociais em que estivemos envolvidos ao longo do ano de 2024 com destaque para a negociação sindical da Recuperação do Tempo de Serviço Congelado.

Este processo negocial exigiu o nosso total empenho, e com razão: pois permitiu-nos alcançar, através das nossas propostas e contrapropostas e de um elevado sentido de responsabilidade, aquilo que muitos já consideravam impossível: Recuperar os 6 anos, 6 meses e 23 dias de tempo do serviço congelado, para efeitos de progressão em carreira.

Fez precisamente um ano, no dia 21 de maio, que conquistámos esse objetivo histórico. E é importante repeti-lo, uma, duas, três, tantas vezes quantas forem necessárias: porque foi graças ao SPZN e, naturalmente, à FNE, que se tornou possível celebrar um acordo que marcou um ponto de viragem na valorização da profissão docente em Portugal.

Este acordo não só devolveu aos professores o tempo de serviço injustamente retirado, como reafirmou a importância do diálogo e da negociação como instrumentos fundamentais para a construção de políticas educativas mais justas e sustentáveis.

Um acordo que, apesar de criticado por alguns na altura, agora é alvo de tentativas de apropriação por parte de quem se recusou a assiná-lo.

Nestes dois dias, aqui reunidos, somos muito mais do que representantes de uma classe profissional. Somos educadores, construtores do futuro, vozes críticas e ativas num tempo marcado por profundas transformações sociais, tecnológicas e educativas.

O tema que nos convoca "Repensar a Profissão Docente e o nosso Papel na Era da Complexidade e da Artificialidade" é, simultaneamente, um desafio e uma urgência.

Porque vivemos uma era em que as mudanças globais nos obrigam a repensar não só a nossa profissão, mas também aquilo que, enquanto coletivo, ou seja, enquanto organização sindical devemos ser capazes de construir.

Esta conferência constitui, por isso, um espaço privilegiado de encontro, escuta e reflexão. É mais uma oportunidade para partilharmos ideias e preocupações, mas sobretudo para construirmos, juntos, respostas concretas aos desafios que enfrentamos.

Durante estes dois dias, teremos a oportunidade de revisitar o caminho que nos trouxe até aqui; reforçar a nossa união e identidade coletiva como SPZN; ouvir a voz de especialistas e de cada um de vós sobre:

- O impacto da inteligência artificial na educação;
- O papel insubstituível do professor;
- A necessidade de inovar, com um olhar crítico sobre a tecnologia;
- O papel fundamental dos sindicatos na valorização da profissão docente;
- A defesa da Educação e dos seus principais atores: os Professores;
- A importância vital da organização coletiva em tempos de incerteza;
- Repensar a nossa estrutura: reorganizá-la, rejuvenescê-la e inová-la.

Por isso esta conferência é também um apelo: um apelo à participação ativa, à partilha e à construção conjunta. Porque só com o contributo de todos conseguiremos repensar a escola, a carreira docente e as condições de trabalho de uma forma consequente e transformadora.

 

Colegas,

A era da complexidade exige mais do que respostas simples. Exige audácia, inovação, estratégia e inteligência coletiva... mas também exige coragem política e um sindicalismo que saiba articular resistência com proposta, e defesa com inovação.

Juntos, como docentes e como sindicato, somos convocados a repensar o presente para podermos transformar o futuro.

Vamos, juntos, fazer desta conferência um momento marcante de reflexão, de afirmação e de ação.

 

Sejam muito bem-vindos.

Muito obrigado.

 

Porto, 23 de maio de 2025


Pedro Barreiros
Presidente do SPZN




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Sun, 25 May 2025 00:00:00 +0100
<![CDATA[FNE e Sindicatos da UGT celebram novo acordo de revisão do CCT com CNIS]]> https://sindicatoprofessores.pt/pt/noticias/detail/id/4274 https://sindicatoprofessores.pt/pt/noticias/detail/id/4274

A FNE, integrada numa frente sindical da UGT, celebrou, pelas 15h00 de 21 de maio de 2025, mais um acordo de revisão do Contrato Coletivo de Trabalho (CCT) com a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS).

Esta negociação desenvolveu-se num contexto político e económico desafiante, marcado por dificuldades várias vividas pelas famílias portuguesas, decorrentes das elevadas taxas de inflação e de juro.

No entanto, os objetivos alcançados neste difícil acordo abrem perspetivas positivas aos trabalhadores, cujos aumentos remuneratórios globais vão fixar-se acima da inflação esperada para 2025, o que permite ganhos significativos em muitas categorias profissionais, nomeadamente dos trabalhadores das carreiras gerais e dos educadores de infância e professores dos ensinos básico e secundário.

“O acordo hoje assinado, assinala mais uma etapa de reconhecimento e valorização de todos, homens e mulheres, que honram a sua força de trabalho à causa social e solidária nas IPSS Portuguesas”. Estas palavras foram deixadas por José Ricardo Coelho, Secretário-Geral Adjunto da FNE e coordenador das negociações para o setor social e solidário, no seu discurso de assinatura do acordo.

 A FNE e os Sindicatos da UGT reconhecem que há ainda um longo caminho a percorrer para dignificar verdadeiramente o trabalho e os trabalhadores do setor social. Porém, este acordo permite dar um passo firme e sustentável para melhorar as condições remuneratórias dos trabalhadores do setor das IPSS, reforçando, por sua vez, os mecanismos da negociação coletiva, através de um diálogo construtivo e pragmático para o encontro de soluções de compromisso bipartido.

José Ricardo Coelho deixou dois alertas para o setor social e solidário: o primeiro alerta foi dirigido ao Estado, “que não tem feito tudo o que está ao seu alcance para valorizar e dignificar o trabalho desenvolvido no setor”. O segundo dirigiu-se às próprias instituições do setor, “às quais se exige fazer caminho, para se tornarem unidades económicas com uma gestão mais profissionalizada e mais eficiente”.

A FNE e os sindicatos desta Frente Sindical da UGT deixaram o seu compromisso firme de continuar a bater-se, através dos meios que têm ao seu alcance, para reforçar o setor social e solidário, capaz de competir com os demais setores da nossa economia, seja na qualidade dos serviços que prestam, seja na capacidade de recrutar os melhores recursos para as suas respostas sociais.

O objetivo da FNE e da Frente Sindical da UGT é o de dar um rumo mais ambicioso a todo o setor da economia social, que permita, aos seus mais de duzentos mil trabalhadores, sonharem com melhores condições de trabalho, melhores condições de vida, e com melhores condições de um exercício pleno da sua liberdade individual e coletiva.

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Thu, 22 May 2025 00:00:00 +0100
<![CDATA[2 anos de mandato de Pedro Barreiros]]> https://sindicatoprofessores.pt/pt/noticias/detail/id/4271 https://sindicatoprofessores.pt/pt/noticias/detail/id/4271
A 21 de maio de 2023, Pedro Barreiros sucedia a João Dias da Silva na liderança da FNE. Desde aí muito aconteceu e por isso realizámos um Especial Informação a marcar a data com uma entrevista de balanço desta primeira metade de mandato.

Eleito Secretário-Geral da FNE em 21 de maio de 2023, Pedro Barreiros faz um balanço extremamente positivo dos primeiros dois anos de mandato. A resposta a uma instabilidade persistente no setor da educação foi “reivindicar com firmeza, mas com responsabilidade”.

Resultados? O acordo histórico da recuperação do tempo de serviço em maio de 2024, o acordo da Mobilidade por Doença em março de 2025 e o aumento do número de associados. A meio do caminho ficaram a revisão do ECD e avanços concretos nas condições de trabalho, salariais e carreiras do Pessoal de Apoio Educativo.

Pedro Barreiros gostaria de ter resolvido as ultrapassagens na carreira docente. Mas afirma que tudo se pode esperar “do profundo sentido de missão da FNE”.


Leia AQUI a entrevista completa e faça download




ENTREVISTA AO SECRETÁRIO-GERAL DA FNE

Por ocasião dos dois primeiros anos do mandato 2023-2027

 

Eleito Secretário-Geral da FNE em 21 de maio de 2023, Pedro Barreiros faz um balanço extremamente positivo dos primeiros dois anos de mandato. A resposta a uma instabilidade persistente no setor da educação foi “reivindicar com firmeza, mas com responsabilidade”. Resultados? O acordo histórico da recuperação do tempo de serviço em maio de 2024, o acordo da Mobilidade por Doença em março de 2025 e o aumento do número de associados. A meio do caminho ficaram a revisão do ECD e avanços concretos nas condições de trabalho, salariais e carreiras do Pessoal de Apoio Educativo. Pedro Barreiros gostaria de ter resolvido as ultrapassagens na carreira docente. Mas afirma que tudo se pode esperar “do profundo sentido de missão da FNE”.

 

1. Que balanço faz até agora do trabalho desenvolvido na FNE?

PB - Nestes dois anos de mandato, temos desenvolvido um trabalho contínuo, determinado e coerente em prol da valorização da educação e dos profissionais do setor. A FNE tem-se afirmado como uma organização sindical responsável, propositiva e profundamente comprometida com o diálogo e a construção de soluções concretas. Mantivemos uma presença ativa nas negociações, nas escolas e junto dos nossos sindicatos filiados, demonstrando uma capacidade de intervenção sólida e coerente.

Faço, por isso, um balanço extremamente positivo deste percurso. A importância social da FNE é hoje amplamente reconhecida, fruto do trabalho que realizámos, dos acordos que conseguimos celebrar e das conquistas que alcançámos, em nome dos profissionais da educação. A nossa ação tem conquistado maior visibilidade e impacto, o que se traduz também num sinal claro de confiança: o forte crescimento do número de associados e o progressivo rejuvenescimento dos nossos quadros sindicais. Estes indicadores são não só motivo de orgulho, mas também de esperança no futuro, pois mostram que a FNE continua a ser uma referência sindical credível, com renovada capacidade de mobilização e intervenção.

 

2. Quais foram os maiores desafios enfrentados e como foram superados?

PB - O maior desafio que enfrentámos foi, sem dúvida, a instabilidade persistente no setor da educação, alimentada por tensões constantes, mudanças políticas imprevisíveis e expectativas legítimas, mas elevadas, por parte dos profissionais. Foi um contexto exigente, que exigiu da FNE uma grande capacidade de resiliência, firmeza e responsabilidade.

Superámos esse desafio através de um diálogo permanente e exigente com as entidades competentes, de uma ação sindical determinada e assertiva e de uma postura construtiva, sempre orientada para a obtenção de resultados concretos. Conseguimos manter a nossa coerência, sem abdicar das reivindicações que consideramos essenciais, e honrando, em todas as etapas, os compromissos assumidos no Plano de Ação aprovado em Congresso.

Esta abordagem permitiu-nos reforçar a credibilidade da FNE como uma organização sindical que sabe reivindicar com firmeza, mas também negociar com responsabilidade, nunca perdendo de vista o interesse coletivo dos profissionais da educação.

 

3. Que avanços concretos destaca das negociações com o Ministério da Educação, Ciência e Inovação - MECI?

PB - Conseguimos através de processos negociais exigentes alguns importantes acordos:
- o da recuperação do tempo de serviço congelado, no dia 21 de maio de 2024;
- o da Mobilidade por Doença, no dia 3 de março de 2025.

A celebração de um Protocolo Negocial para a revisão do Estatuto da Carreira Docente (ECD), que deu início a um processo negocial de extrema relevância, mas que acabou por não evoluir em virtude da situação política que o impediu. Sobre medidas para o rejuvenescimento da profissão docente e a melhoria das condições de trabalho, embora nem todos os objetivos tenham sido alcançados, houve abertura para a adoção de compromissos assumidos pelo Ministério.

Já sobre as negociações prometidas sobre as condições de trabalho, remunerações, formação e carreiras do Pessoal de Apoio Educativo (PAE), foi sendo sistematicamente adiada a abertura de processos negociais...

 

4. Houve alguma medida ou iniciativa que gostaria de ter concretizado, mas não foi possível?

PB - Sim, gostaríamos de já ter iniciado um processo negocial sobre a contagem integral do tempo de serviço prestado, por forma a corrigir as ultrapassagens na carreira. É uma importante reivindicação com grande apoio dos docentes e impacto nas suas carreiras, mas ainda não conseguimos a sua concretização. Continuamos a trabalhar nesse sentido e não iremos desistir de resolver esta injustiça.

Desejava também já ter conseguido avanços concretos e melhorias das condições de trabalho, salariais e carreiras do PAE. Temos de ser capazes de valorizar o papel destes trabalhadores que continuam a não ser “vistos” e reconhecidos pelo importante trabalho que fazem nas nossas escolas.

 

5. Como tem sido o relacionamento da FNE com os sindicatos filiados e com os trabalhadores?

PB - Como não podia deixar de ser, e é nossa prática, temos mantido permanentemente canais de comunicação e participação nas decisões com os nossos sindicatos e órgãos sociais. Apostámos em reuniões descentralizadas, presenciais e em formato híbrido, ações sindicais e visitas às escolas para ouvir diretamente os professores e demais profissionais. A ação sindical dos sindicatos da FNE, os seus dirigentes e delegados sindicais têm sido fundamentais neste percurso. O sucesso desse relacionamento pode medir-se pelo crescimento do número de sócios dos nossos sindicatos e das reações que os associados nos fazem chegar.

6. Que progressos foram feitos na valorização da carreira docente?

PB - Conseguimos colocar, de forma clara e consistente, a valorização da carreira docente no centro do debate público. A FNE tem mantido de forma permanente na sua agenda temas cruciais como a vinculação de docentes, a melhoria das condições de trabalho, a estabilidade profissional e a necessária reestruturação da carreira, sempre com o objetivo de dignificar a profissão e garantir justiça para quem serve a escola pública.

Embora reconheçamos que ainda há um longo caminho a percorrer, não podemos ignorar os avanços já alcançados, muitos dos quais resultam da nossa ação persistente e da pressão constante que exercemos junto do Governo e Entidades Patronais. Um dos marcos mais relevantes desse percurso foi o acordo celebrado pela FNE para a recuperação do tempo de serviço congelado. Esse acordo representou mais do que uma vitória negocial: devolveu esperança aos docentes, reabriu perspetivas de evolução na carreira e permitiu encarar o futuro com maior confiança e motivação, tanto do ponto de vista profissional como salarial. É este tipo de resultados concretos que reforça o papel da FNE como uma organização sindical verdadeiramente comprometida com soluções e com a dignificação dos profissionais da educação.

 

7. Que estratégias têm sido adotadas para atrair novos associados, especialmente os mais jovens?

PB - Apostámos numa comunicação mais moderna, em plataformas digitais e redes sociais, e em ações junto das escolas superiores de educação, sem nunca perder o contacto com os colegas nos locais de trabalho. A nossa aposta, desde sempre, na dinamização e visita a escolas, para um contacto direto com os colegas, é essencial para nos mantermos informados e podermos apoiar localmente todos os que precisam e se sentem mais seguros com a nossa presença. Criámos também benefícios específicos para os associados e investimos na sua formação contínua e integração na ação sindical. Temos envolvido os mais jovens e eles sentem que existe na FNE espaço de intervenção e que a sua voz e reivindicações são democraticamente acolhidas.

 

8. Qual tem sido o papel da FNE na procura de soluções sustentáveis para a educação?

PB - A FNE tem-se distinguido por apresentar propostas concretas e exequíveis, equilibrando reivindicação com responsabilidade. Não nos limitamos a protestar - levamos soluções às mesas de negociação e queremos sempre contribuir para a estabilidade e melhoria do sistema educativo e das condições de trabalho daqueles que representamos. Isso começa a ser bem percebido, porque temos conseguido resultados e consequentemente sentimos a manifestação do agrado e contentamento dos nossos colegas que nos fazem chegar palavras de alento e satisfação.

 

9. Quais são as prioridades para os dois anos que faltam de mandato?

PB - Vamos concentrar os nossos esforços naquilo que é absolutamente essencial: a recuperação integral do tempo de serviço, a revisão das carreiras e a melhoria efetiva das condições de trabalho, com especial atenção para a necessária alteração do Despacho de Organização do Ano Letivo (DOAL), que tanto impacta a vida quotidiana nas escolas. Continuaremos a bater-nos por uma profissão mais atrativa e por uma valorização real dos profissionais da educação — porque dignificar quem ensina é um passo indispensável para melhorar a qualidade da escola. Esta será sempre uma prioridade inegociável da nossa ação sindical.

No plano interno, nutro a ambição de promover reformas estruturais que reforcem a eficácia, a transparência e a proximidade da nossa ação. Gostaria de ter tempo e condições para repensar a forma como nos organizamos, modernizar serviços e departamentos, e adequar os nossos estatutos e instrumentos de gestão aos desafios de um tempo cada vez mais exigente e dinâmico. Estou convicto de que, com visão estratégica e envolvimento coletivo, conseguiremos preparar a FNE para um futuro ainda mais relevante.

 

10. Que mensagem gostaria de deixar aos profissionais da educação neste momento de balanço?

PB - Quero expressar o meu profundo agradecimento pela confiança depositada na FNE. Esse voto de confiança é não apenas um reconhecimento do trabalho desenvolvido, mas também um incentivo para prosseguirmos, com determinação, o nosso compromisso com todos os profissionais da educação. Estamos, e continuaremos a estar, ao lado de quem acredita num projeto sindical sério, dialogante, responsável e centrado na valorização da escola pública e de todos os que nela trabalham.

A participação ativa dos profissionais da educação é fundamental. É com eles, e nunca sem eles, que construiremos uma escola mais justa, mais inclusiva, mais democrática e, acima de tudo, mais humana — uma escola onde o respeito pela dignidade de quem nela trabalha seja inegociável e onde, verdadeiramente, dê gosto ensinar, aprender e colaborar. Esse é o nosso compromisso e a nossa motivação diária.

 

11. Quais foram as principais dificuldades que sentiu desde que assumiu o cargo de Secretário-Geral da FNE e de que forma procurou superá-las?

PB - Curiosamente, uma das primeiras dificuldades surgiu ainda antes de assumir o cargo: a verdade é que nunca ambicionei ser Secretário-Geral da FNE. Apesar de muitos dizerem que teria de ser, eu confesso que só muito perto da data do Congresso me convenci de que, de facto, teria mesmo de assumir essa responsabilidade. Foi uma decisão ponderada, tomada com sentido de missão, mas que não surgiu de uma vontade pessoal inicial.

Acresce que, um ano antes, tinha assumido a presidência do SPZN — o maior sindicato da FNE — com um projeto reformista, exigente e com uma agenda de transformação interna que implicava já uma dedicação intensa. Acumular ambas as funções — Presidente do SPZN e Secretário-Geral da FNE — revelou-se, naturalmente, um enorme desafio, tanto em termos de gestão de tempo como de energia.

A tudo isso somou-se um contexto político particularmente adverso. Iniciei o mandato num período marcado pela falta de abertura do Governo para dialogar de forma séria e construtiva com os sindicatos. Estávamos perante uma maioria absoluta que, desde o início, demonstrava pouca ou nenhuma disponibilidade para atender às nossas principais reivindicações. Ainda assim, apesar das dificuldades, mantivemos a nossa linha de ação e conseguimos, com persistência, alcançar resultados significativos.

A instabilidade política, porém, tem sido outro obstáculo relevante. Em menos de dois anos, já vamos no terceiro governo. Esta sucessiva mudança de interlocutores atrasa processos, quebra continuidades negociais e dificulta o alcance de soluções atempadas. Isso é particularmente grave num setor como o da educação, onde lidamos com a urgência de problemas estruturais, como a escassez de professores e as elevadas taxas de aposentação — cerca de quatro mil por ano. Qualquer atraso nas respostas significa perda de eficácia e injustiça para muitos profissionais que, entretanto, deixam a carreira sem ver resolvidos direitos por que lutaram anos a fio.

Por tudo isto, diria que uma das maiores dificuldades que tenho sentido é, paradoxalmente, o tempo: o tempo que falta, o tempo que se perde por fatores externos, e o tempo que corre contra nós, quando sabemos que cada dia conta para garantir justiça e dignidade a quem serve a escola pública.

 

12. O anterior Secretário-Geral da FNE, João Dias da Silva, esteve no cargo durante 19 anos. Projeta manter-se na liderança da federação por um período semelhante?

PB - Neste momento, o meu compromisso é com o mandato para o qual fui eleito. Não está nos meus planos permanecer na liderança da FNE por um período tão prolongado como o do anterior Secretário-Geral. Aliás, defendo a limitação de mandatos como um princípio saudável de renovação nas estruturas sindicais.

A decisão sobre uma eventual recandidatura só será equacionada dentro de aproximadamente dois anos, quando for o momento certo para fazer uma avaliação rigorosa do trabalho desenvolvido. Nessa altura, será essencial analisar o grau de cumprimento do plano de ação que apresentámos, pois acredito que qualquer continuidade deve estar necessariamente ligada aos resultados obtidos e à confiança renovada da estrutura sindical.

Além disso, as reformas internas que pretendo implementar também terão um peso relevante na decisão que vier a tomar. Essas mudanças são fundamentais para o futuro da FNE e para garantir que continuamos a responder de forma eficaz às necessidades dos nossos associados e dos Trabalhadores da Educação.

Assim, encaro este mandato com um profundo sentido de missão, mas com a plena consciência de que qualquer decisão sobre o futuro dependerá de múltiplos fatores: da avaliação do percurso realizado, do impacto efetivo das transformações que consiga concretizar, das conquistas alcançadas, das minhas condições pessoais e, não menos importante, da força e da energia necessárias para continuar a desempenhar uma função que é exigente, complexa e naturalmente desgastante. Acredito que assumir um papel desta natureza exige um impulso renovado e uma motivação firme, que serão determinantes no momento de qualquer reflexão futura.

 

13. A FNE é por vezes vista como uma organização mais moderada no panorama sindical. Acredita que essa postura tem sido eficaz ou sente que, em alguns momentos, foi interpretada como falta de combatividade?

PB - É verdade que a FNE tem uma identidade própria e é frequentemente caracterizada como uma organização sindical moderada. Mas prefiro dizer que somos uma estrutura responsável, estrategicamente focada em resultados e com um profundo sentido de missão. Não confundimos combatividade com ruído, nem cedemos à tentação da radicalização apenas para marcar posição, justificar a nossa existência e muito menos para ser voz de outros interesses que não exclusivamente o dos nossos associados.

A nossa postura é, e continuará a ser, de firmeza nas reivindicações, mas com abertura ao diálogo e compromisso com soluções concretas. E o tempo teima em dar-nos razão. Os resultados que temos vindo a alcançar, como o acordo sobre a recuperação do tempo de serviço congelado, são a prova de que a nossa estratégia, ainda que mais discreta em certos momentos, é eficaz, coerente e respeitada.

A combatividade da FNE não se mede em palavras mais duras ou gestos simbólicos, mas sim na persistência, na consistência e na capacidade de transformar as reivindicações em vitórias reais. É isso que dá sentido ao nosso trabalho e justifica a confiança crescente dos docentes e dos demais profissionais da educação na nossa ação sindical.

 

14. Que palavra ou mote escolheria para definir estes 2 anos à frente da FNE?

PB - "Conquista" é a palavra que melhor traduz o caminho que percorremos nestes dois anos. Num contexto de enormes dificuldades, conseguimos afirmar a voz da FNE como uma organização representativa, responsável e determinada na defesa dos direitos dos profissionais da educação.

Conquistámos mais reconhecimento para os trabalhadores que representamos, avanços e acordos em processos negociais, e contribuímos para criar condições que permitiram o crescimento dos sindicatos, com a adesão de cerca de 3.000 novos sócios.

Cada conquista representa o resultado de um esforço coletivo, de persistência, de muito trabalho e de convicção. Sabemos que há ainda muito por alcançar, mas é com o espírito destas conquistas que continuaremos a lutar por uma educação de qualidade e pela dignidade de quem nela trabalha para que, em maio de 2027, possamos voltar a escolher a palavra “conquista” como aquela que definiu o nosso mandato.




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Wed, 21 May 2025 00:00:00 +0100
<![CDATA[21 de maio 2025: Um ano depois de uma conquista histórica para os docentes portugueses]]> https://sindicatoprofessores.pt/pt/noticias/detail/id/4272 https://sindicatoprofessores.pt/pt/noticias/detail/id/4272

Faz hoje precisamente um ano que a Federação Nacional da Educação (FNE) assinou com o Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) um acordo histórico que marcou um ponto de viragem na valorização da profissão docente em Portugal.

No dia 21 de maio de 2024 foi finalmente alcançado um entendimento que permitiu a recuperação do tempo de serviço congelado aos professores. Este era um direito há muito reivindicado e uma justiça que tardava em ser feita.

Este acordo, fruto de uma longa e persistente luta sindical, constitui uma das mais importantes vitórias da FNE na defesa dos direitos dos educadores e professores portugueses. Representa o reconhecimento do valor do trabalho docente, da sua dedicação e do papel insubstituível que desempenham na construção de uma sociedade mais justa, informada e preparada para o futuro.

A celebração desta data é, por isso, um momento de memória e gratidão. Memória pela perseverança de todos os que nunca desistiram de lutar por esta causa; gratidão a todos os docentes, dirigentes e delegados sindicais que, com coragem e determinação, se mantiveram firmes ao lado da FNE neste caminho de grande responsabilidade e exigência.

Este acordo não só devolveu aos professores o tempo de serviço que lhes havia sido injustamente retirado, como também reforçou a importância do diálogo e da negociação como instrumentos fundamentais na construção de políticas educativas justas e sustentáveis.

A FNE continuará, como sempre, a ser uma voz ativa, responsável e comprometida com a valorização da educação e dos profissionais que a constroem todos os dias. Esta conquista prova que vale a pena lutar com firmeza, coerência e sentido de responsabilidade.


Hoje, celebramos um ano de justiça, dignidade e reconhecimento.
Uma conquista da FNE. Uma vitória dos docentes.

 

Porto, 21 de maio de 2025

Pedro Barreiros
Secretário-Geral
Federação Nacional da Educação




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Wed, 21 May 2025 00:00:00 +0100