Arte a céu aberto na zona ribeirinha do Porto
A zona ribeirinha do Porto é muito mais do que um cartão-postal. Entre ruas estreitas, o casario típico e a proximidade do Douro, esconde-se também um autêntico museu ao ar livre, resultado de décadas de aposta na arte pública.
Este ano, como promoção do inicio do ano letivo através da associação da Casa do Infante e do Arquivo Histórico Municipal do Porto, realizamos então um percurso pedonal que nos desafiou a redescobrir este espaço com outros olhos, orientados por Manuel Araújo. Visitamos, assim, nove obras de arte espalhadas pela margem.
O itinerário começa no coração do Jardim da Praça do Infante, com a imponente “Estátua do Infante” (1900), de Thomáz Costa, e segue em direção à Praça de S. Francisco, onde “Asa” (2010), de Zulmiro de Carvalho, introduz uma linguagem contemporânea. Logo a seguir, na Praça da Ribeira, encontramos “O Cubo da Ribeira” (1982), de José Rodrigues, e “O S. João do Porto” (2000), de João Cutileiro, peças que marcam a relação entre tradição e modernidade.
Descendo ao Cais da Ribeira, duas obras dialogam diretamente com a história da cidade: “As Alminhas da Ponte” (1897), de Teixeira Lopes, evocando a tragédia da Ponte das Barcas, e “Os 200 anos da Ponte das Barcas” (2009), de Souto Moura, numa leitura arquitetónica e simbólica. Já na Avenida de Gustavo Eiffel, três criações encerram o percurso: o monumento “O Duque da Ribeira” (1995), de José Rodrigues, o emblemático mural “Ribeira Negra” (1987), de Júlio Resende, e a mais recente peça “Cidade” (2015), de Fernando Lanhas.
Mais do que um passeio, trata-se de um convite a refletir sobre a forma como a arte, espalhada pelo espaço público, conta a história coletiva, preserva memórias e transforma a vivência urbana. A ribeira do Porto, já de si vibrante e carregada de identidade, ganha aqui uma dimensão adicional: a de galeria viva, onde cada obra se inscreve no quotidiano e na paisagem.